No dia 29 de abril, logo pela manhã, os alunos dos 11 A, B e C da Escola Secundária Ferreira de Castro, acompanhados dos seus professores Alexandra Esteves, Ana Dionísio, Ângela Costa, Manuel Alberto, Paulo Gião e Rosário Martins partiram rumo à exploração do Geopark Terras de Cavaleiros que abrange toda a área do concelho de Macedo de Cavaleiros, num total de cerca de 700 km2 em pleno coração do Nordeste Transmontano.
Durante o período da manhã o grupo reuniu no Centro de Informação do Geopark Terras de Cavaleiros para melhor conhecer os 540 milhões de anos que se contam no GTC, e que começam com o desmembramento de um supercontinente e a abertura de um oceano, Rheic. Toda esta história da Terra é testemunhada nos 42 geossítios do Geopark.
Já com o fantástico guia João o grupo dirigiu-se para o topo da vertente sobre o rio Sabor, onde foi possível realizar uma “viagem” através de rochas que, à superfície, revelam aquilo que, por norma, ocorre apenas a dezenas de quilómetros de profundidade. Neste geossítio, para além de rochas pouco comuns, são observadas as Descontinuidades sísmicas de Conrad e a de Moho. As “Descontinuidades sísmicas” são superfícies que separam diferentes tipos de materiais no interior do Planeta Terra e conhecidas pelas mudanças que causam na propagação de ondas sísmicas. A Descontinuidade de Conrad expressa-se pela superfície de contacto entre gnaisses e granulitos, e a Descontinuidade de Moho pela superfície de contacto entre granulitos (da crusta) e peridotitos (do manto).
Continuando ao longo da margem direita do Rio Sabor, muito próximo da aldeia da Lagoa, ergue-se uma rocha com mais de 500 milhões de anos, o Gnaisse de Lagoa. Uma rocha que testemunha a existência de um pequeno continente – Armórica, muito anterior aos atuais continentes. Em determinada fase da história do Planeta Terra, este, a Laurentia e o Gondwana chocaram e formaram uma cadeia montanhosa, posteriormente desaparecida. O Gnaisse de Lagoa distingue-se pelos seus cristais de forma alongada, que se devem à elevada pressão e ao movimento a que a rocha foi sujeita ao longo do tempo.
De seguida foi a vez de se rumar em direção ao Maciço de Morais, o umbigo do mundo. No planeta existem apenas cinco lugares com características semelhantes a este, mas em Morais as sequências estão contidas num espaço menor e os testemunhos são mais percetíveis. É o umbigo do Mundo porque explica a dinâmica dos continentes.
Em pleno Maciço de Morais, também conhecido, pelos habitantes locais, como o Monte Maldito, dominam rochas ultrabásicas genericamente designadas por peridotitos. Os solos formados sobre estas rochas, que têm a sua origem no manto terrestre, apresentam elevados teores de níquel e crómio, conferindo características únicas ao solo, tornando-os muito seletivos para a vida vegetal. Estes solos são assim o habitat de plantas endémicas, com características genéticas únicas, como é o caso da Armeria langei subsp. marizii, um endemismo do Monte de Morais.
Após a necessária e desejada pausa para o repasto no belíssimo parque do Santuário de Santo Ambrósio, e com as forças já retemperadas, ei-los rumando à Paisagem Protegida da Albufeira do Azibo,
Foram muitos os quilómetros percorridos a pé na Estação da Biodiversidade de Santa Combinha com uma paisagem de prender a respiração, pintada com a cor da água e o verde do arvoredo (onde abundam carvalhos e sobreiros). Foi maravilhoso o convívio com as 43 espécies de borboletas diurnas das 135 que se conhecem em Portugal Continental, libélulas e libelinhas, para além de numerosas espécies de plantas, algumas das quais endémicas daquela região.
No final da tarde visitou-se praia da Fraga da Pegada onde ocorrem metavulcanitos com cerca de 430 milhões de anos. Estas rochas vulcânicas passaram por metamorfismo, aquando da formação do supercontinente Pangeia, mas focando a atenção neste bloco de rocha protegido por cerca alta de madeira onde outros valores, além dos geológicos, se levantam — neste caso, o outro valor é a arqueologia: este é um sítio de interesse municipal por ter um pedomorfo — uma pegada incrustada na pedra que terá cerca de seis mil anos — e outras gravuras, como cruzes e outros motivos religiosos que fazem crer que estes rochedos eram um santuário. Certo é que no século XIX serviu como ponto de demarcação entre os concelhos de Bragança e de Macedo de Cavaleiros, este ainda a dar os primeiros passos.
A noite estava a chegar e foi tempo de rumar a Alijó, onde se comeu uma maravilhosa refeição, pernoitou, e se desfrutou de uma fantástica noite de verão.
Na manhã do dia 30 de abril acordou-se com uma reviravolta na meteorologia que em muito condicionou as visitas aos centros históricos das cidades de Vila Real e Amarante…
Começou-se pelo Miradouro do Ujo um dos pontos de excelência para admirar a paisagem do vale do Tua. Na imponente infraestrutura em ferro, conseguimos observar um extenso troço deste vale e da atual albufeira numa paisagem de rara beleza. A estrutura é imponente, feita de ferro, no entanto a sensação quando a pisamos é a de estar a "planar" entre o RIO TUA e o CÉU.
Dali os ferreirinhas rumaram para uma visita ao centro histórico de Vila Real começando perto da famosa Pastelaria Gomes, Sé Catedral, Mercado Municipal, Jardim da Carreira, Ponte sobre o Rio Corgo, Antiga Estação Ferroviária…
Daqui seguiu-se para O Palácio de Mateus, concluído em 1744… um lugar mágico. Uma máquina do tempo que nos permite viajar pelos últimos quinhentos anos da História de Portugal, da Europa e do Mundo. Um ponto no universo onde se encontram pessoas, ideias, documentos e obras de arte de várias latitudes. Passado o curto caminho que desce do portão de entrada, encontra-se uma paisagem única: as fachadas da Casa e da Capela, duplicadas pelo espelho de água e emolduradas por um luxuriante parque natural. O interior, marcado por uma sucessão de salas, desde o Salão Nobre às alas domésticas, passando pela Biblioteca, o Museu Sagrado e a ala mais social, a sul, exibe um acervo particularmente expressivo.
O palácio é considerado um dos mais belos edifícios civis barrocos, construído em estilo extravagante para o 3º Morgado de Mateus na primeira metade do século XVIII e ainda pertence a uma das suas descendentes.
Na UTAD houve tempo para saborear uma belíssima sopinha e arroz de pato. Com a fome saciada, rumou-se a Amarante onde devido à chuva intensa não foi possível fazer a visita pelo centro histórico, mas pode-se visita o Solar de Magalhães. Este solar foi projetado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira, e abriga a exposição “(Re)Encontrar Amadeo” enquanto o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso (MMASC) se encontra temporariamente encerrado para obras de climatização. Esta mostra celebra a obra de Amadeo de Souza-Cardoso e Eduardo Viana. Desenhos, pinturas e cumplicidades artísticas ocupam as três salas deste espaço em Amarante. Não percam! A exposição é linda e as guias são fabulosas!
Uma curiosidade… O Solar de Magalhães é o testemunho de um episódio que, em Amarante, deixou cicatrizes de guerra: as invasões francesas. Crê-se que, a cada dia que se atrasava a passagem das forças napoleónicas pela Ponte de São Gonçalo, o General Loison retaliava, tendo incendiado esta casa nobre, pertença dos Magalhães. Os danos foram violentos, mas fizeram deste espaço senhorial um símbolo de resistência contra as tropas napoleónicas.
Foi uma pena não se poder visitar o centro histórico, mas sem dúvida que mesmo assim o balanço desta visita de estudo foi extremamente positivo e os alunos em muito dignificaram a Escola Ferreira de Castro.