Alunos do 10.º Ano exploram o património geológico do Geoparque de Arouca

 WhatsApp Image 2025 10 27 at 175326 Maria Alexandra Esteves

tril Maria Alexandra Esteves

No dia 27 de outubro, sob um sol radiante que rompeu a sequência de dias cinzentos, os alunos do 10.º ano de Biologia e Geologia da Escola Secundária Ferreira de Castro, acompanhados pelas professoras Alexandra Esteves e Teresa Valente, realizaram uma visita de estudo à região de Arouca, com o objetivo de observar alguns dos 41 geossítios que integram o seu Geoparque — um território reconhecido pelo seu singular e valioso património geológico.
A primeira paragem do dia foi na jazida paleontológica de Canelas, uma antiga louseira onde têm sido descobertos inúmeros fósseis de invertebrados, com especial destaque para as trilobites gigantes, que habitaram a Terra há mais de 400 milhões de anos. Após a visualização de um vídeo explicativo sobre a formação dos fósseis, os alunos visitaram o museu local, onde puderam apreciar uma coleção única de exemplares fósseis de grande valor científico.
Depois do almoço, o grupo seguiu para a aldeia da Castanheira, para conhecer as famosas “Pedras Parideiras”. Neste local observaram-se o plutonito de Castanheira (granito nodular) e os seus característicos nódulos discoidais e biconvexos, compostos por quartzo e feldspato, envolvidos por camadas de biotite. Estes nódulos destacam-se facilmente da rocha, deixando nela o respetivo molde — fenómeno que, devido à ação erosiva, originou a designação popular de “pedras parideiras”, ou seja, “a pedra que pare pedra”.
A visita prosseguiu até ao Campo de Dobras da Castanheira, um geossítio de grande relevância nacional, onde é possível observar dobras de diferentes dimensões resultantes das transformações geológicas ocorridas durante a formação do supercontinente Pangeia.
O percurso pedestre, desde a praia fluvial do Rio Caima até à Frecha da Mizarela, permitiu ainda apreciar um conjunto diversificado de paisagens graníticas, como o “caos de blocos”, relevos residuais e superfícies de aplanamento. Junto ao rio, observaram-se as marmitas de gigante e, já perto da Frecha da Mizarela, foi possível identificar o contacto nítido entre os metassedimentos ante-ordovícicos e o granito da Serra da Freita, onde abundam cristais de estaurolite de vários centímetros — evidência de um intenso metamorfismo regional na origem dessas rochas.
A visita terminou em grande beleza no Miradouro da Frecha da Mizarela, onde se contempla a maior queda de água de Portugal continental, com cerca de 70 metros de altura. O local permite observar o contacto litológico da Mizarela e compreender como a meteorização e a erosão de diferentes tipos de rocha contribuíram para a formação desta impressionante cascata do Rio Caima.
O regresso fez-se em ambiente de boa disposição e entusiasmo, refletindo o sucesso de um dia pleno de aprendizagem, descoberta e contacto com a natureza.

saude

Na passada segunda-feira, 28 de abril, o Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro recebeu a visita do Professor Manuel Sobrinho Simões, médico, prestigiado investigador na área da Anatomia Patológica e detentor de um imenso curriculum vitӕ que fala por si só, tratando-se de um verdadeiro “influencer” de boas práticas em investigação e de conhecimento em todo o mundo, facto confirmado e mundialmente reconhecido em 2015 quando foi escolhido como “Patologista mais influente do mundo”, através de uma votação promovida pela revista britânica «The Patologist».
O Professor Sobrinho Simões visitou-nos a convite do Clube Ciência Viva da Escola Básica e Secundária Ferreira de Castro, coordenado pelo professor Manuel Alberto Pereira.
No âmbito desta visita, o Professor Sobrinho Simões presenteou os alunos do 12º Ano com uma palestra intitulada “A saúde e as doenças ao longo da vida”, que decorreu no auditório polivalente Ivone Ferreira.
Detentor de uma capacidade de comunicação única, seduziu-nos com a sua linguagem simples e de fácil compreensão para todos aqueles que tiveram o privilégio de o ouvir. Uma forma de comunicar usada com mestria para falar de temas complexos.
Tratou-se, sem qualquer sombra de dúvida, de um momento de partilha de saber e conhecimento, reconhecidamente inquestionáveis, interpelando a reflexão de todos sobre questões atuais, como os impactos causados na Saúde enquanto sinónimo de Bem-Estar. Tais impactos refletem-se na evolução da relação saúde/doença, por exemplo, na importância dos diagnósticos precoces, pela aquisição e manutenção de hábitos saudáveis no estilo de vida atual, no microbioma, pelo aumento da longevidade da vida humana, sem acautelar as consequências dos problemas criados pelas comorbilidades associadas ao envelhecimento e pela manutenção da saúde ambiental. E estes impactos são muito mais significativos do que os fatores genéticos. Usando uma citação “A saúde é mais diversa do que a doença (…). O problema das “doenças” suscita uma abordagem muito diferente de caso para caso, em grande parte porque as doenças dão muito mais votos e dinheiro do que a Saúde.”
Terminamos este texto, referindo que o Professor Manuel Sobrinho Simões, apesar dos seus 77 anos e de se encontrar aposentado, mantém intensa colaboração com o Hospital Universitário de São João, e com o IPATIMUP (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto), por si fundado em 1989.

Para conhecer um pouco melhor este extraordinário ser humano e incansável investigador, recomendamos a leitura de “A Última Lição de Manuel Sobrinho Simões”, da autoria de Luís Osório, editado em julho de 2024 pela Contraponto Editores.

parcerias